Teoria do Conhecimento

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em jan. 2017

atualizado em nov. 2022

O que sou eu? Uma substância que pensa. O que é uma substância que pensa? É uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que imagina e que sente.

Descartes

 

            De modo geral podemos dizer que o problema do conhecimento desenvolve-se em três disciplinas: 1) teoria do conhecimento: que estuda a natureza do conhecimento em geral; 2) epistemologia: que estuda a natureza e fundamentação do conhecimento científico; 3) metodologia científica: trata dos processos lógicos de aquisição do conhecimento científico.

            A teoria do conhecimento é a área da filosofia que tem como objetivo investigar o que é o conhecimento, a possibilidade (se é possível conhecer), qual o fundamento do conhecimento, suas origens e seu valor.

            Qualquer pessoa, apoiando-se na própria experiência, poderá dizer até mesmo irrefletidamente que não há motivos para duvidar da ideia de que podemos ter um conhecimento exato do mundo que nos cerca. Mas os filósofos não são desta opinião e sempre advertiram que nem sempre o conhecimento comum representa verdadeiramente as coisas como são. A maior prova disso é que sentimos a Terra imóvel e o Sol girando ao seu redor quando na realidade nem a Terra está imóvel e nem o Sol gira ao seu redor. Por isso a teoria do conhecimento principia com a pergunta se podemos conhecer a verdade ou o mundo exatamente como ele é. Aparentemente a trajetória da luz é uma linha reta, mas você sabia que ela também pode sofrer uma curvatura em sua trajetória? É o que prediz a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Olhando para o céu, você consegue dizer, apoiando-se apenas nos seus sentidos, o tamanho exato de uma estrela? E da lua? Você consegue perceber a olho nu que a luz do Sol é uma complexa combinação de cores que vai do violeta ao vermelho alaranjado? Além disso, como percebemos os objetos através dos sentidos, uma mesma coisa pode ser percebida de diferentes maneiras por diferentes pessoas.

            Do ponto de vista filosófico podemos dizer que para que exista o conhecimento três fatores são fundamentais: a existência de um sujeito conhecedor (o eu, a consciência); um objeto a ser conhecido (a realidade, o mundo); e a relação entre estes dois elementos do processo de conhecimento. Só é possível conhecer quando há uma apreensão do objeto pelo sujeito, quer dizer, quando o sujeito é capaz de representar mentalmente o objeto de conhecimento.

Disponível em: Filorbis. Acesso em 17 dez. 2018.

            Pelo sujeito, o fenômeno do conhecimento toca na esfera psicológica (o conhecimento é uma correlação sujeito-objeto mediado pelo pensamento); pelo objeto, toca no âmbito das ciências e da ontologia; e a relação entre o sujeito e o objeto diz respeito à teoria do conhecimento.

            Há ainda um elemento do conhecimento que merece consideração e que é a verdade do conhecimento. Por verdade do conhecimento deve-se entender a possibilidade de que, na relação do conhecimento, o pensamento formado pelo sujeito concorde com o objeto. Quando a representação dada de uma coisa não concorda com o objeto então diz-se que é um conhecimento falso. O conhecimento verdadeiro deve, necessariamente, concordar com o objeto. Dessa forma, um dos problemas que a teoria do conhecimento deve propor e tentar solucionar é o de saber quais são os critérios, as maneiras, os métodos de que podemos nos valer para ver se um conhecimento é ou não verdadeiro.

            A teoria do conhecimento relaciona-se, portanto, com a psicologia, com as ciências, a ontologia, a lógica e a verdade. A teoria do conhecimento não pode prescindir das contribuições que lhe oferecem estas diferentes áreas, embora não confundindo-se com tais. A psicologia investiga os processos do pensamento, a origem e desenvolvimento dos processos psicológicos, o sujeito do conhecimento. O objeto é investigado pelas ciências e pela ontologia. O objeto aparece perante a consciência cognoscente.

Disponível em: Slideplayer, slide 4, Acesso em 19 dez. 2018

 

            A teoria do conhecimento estuda a possibilidade de o sujeito apreender o objeto, os limites do conhecimento, sua essência, sua origem. Mas, em que medida o sujeito do conhecimento é capaz de apreender a verdade? Quais são as possibilidades do conhecimento humano?

        O filósofo alemão Hessen descreve quais são os cinco principais problemas da descrição fenomenológica do conhecimento (e neste texto vamos nos deter apenas nas duas primeiras):

 

  1. A questão da possibilidade do conhecimento: Pode o sujeito apreender realmente o objeto?
  2. A questão da origem do conhecimento: é a razão (espírito) ou a experiência (sensações) a fonte e a base do conhecimento humano?
  3. A questão da essência do conhecimento: é o objeto que determina o sujeito ou o contrário?
  4. A questão das espécies (formas) do conhecimento: há uma outra forma de conhecimento (intuitivo, p. ex.) além do conhecimento racional?
  5. A questão do critério da verdade: se há um conhecimento verdadeiro, em que é que podemos conhecer esta verdade?

 

A Possibilidade de Conhecer

            Uma vez estabelecido o que é o conhecimento surge então a questão sobre se é possível e como é possível o conhecimento. Em relação a questão sobre se é possível o conhecimento temos basicamente três respostas, que sintetizam todas as possíveis respostas. Uma que nega a possibilidade de conhecer a verdade (ceticismo), outra que afirma tal possibilidade (dogmatismo) e outra que não nega nem afirma, mas avalia as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro (criticismo). O dogmatismo e o ceticismo têm ainda suas variações que vamos destacar agora.

            Ceticismo absoluto: nega de forma total a possibilidade de conhecer a verdade. Dois representantes desta corrente são os filósofos gregos Górgias (485-380 a.C.), segundo o qual “o ser não existe; se existisse não poderíamos conhecê-lo; e se pudéssemos conhecê-lo não poderíamos comunicá-lo aos outros”; e Pirro (365-275 a.C.), que dizia ser impossível ao homem conhecer a verdade devido a duas fontes principais de erro: os sentidos que nos induzem a muitas ilusões e a razão que apresenta, por sua vez, opiniões bastante contraditórias sobre os mesmos assuntos, revelando assim os limites de nossa inteligência.

            Ceticismo relativo: consiste numa posição moderada que nega apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade. Uma dessas correntes aponta para um subjetivismo, ou seja, como o conhecimento é uma relação subjetiva e pessoal, então o conhecimento limita-se às ideias e representações elaboradas pelo próprio sujeito. Um dos representantes do subjetivismo é o filósofo grego Protágoras (séc. V a.C.) que dizia “o homem é a medida de todas as coisas”. Uma outra corrente é o probabilismo, que afirma que o máximo que podemos alcançar é o conhecimento de uma verdade provável, nunca uma certeza completa. Na Idade moderna, o filósofo inglês David Hume afirmou que a observação dos fenômenos só pode nos dar um conhecimento probabilístico da realidade.

            O dogmatismo ingênuo: acredita plenamente na capacidade de conhecermos a verdade e de perceber o mundo tal como ele é. Embora esta seja uma possibilidade de se colocar diante da possibilidade do conhecimento dificilmente um filósofo crítico poderia defender, sem critérios, essa corrente.

          O dogmatismo crítico: acredita que é possível conhecer a verdade, mediante um esforço conjugado dos nossos sentidos e da nossa inteligência. Representantes desta corrente são os filósofos Platão (séc. IV a.C.) e Santo Agostinho (séc. V).

          O criticismo foi uma corrente desenvolvida pelo filósofo alemão Immanuel Kant (séc. XVIII), que não nega a possibilidade de conhecer, mas afirma que este conhecimento é limitado e ocorre sob condições específicas (descritas em sua obra Crítica da razão pura). Antes de afirmar que é possível conhecer, o criticismo se pergunta pelas reais condições nas quais é possível o conhecimento.

 

A Origem do Conhecimento

            Para aqueles que admitem a possibilidade do conhecimento resta a pergunta: como é possível o conhecimento, ou seja, de onde se originam nossas ideias, conceitos e representações? Para esta nova pergunta temos, novamente, três respostas principais: o empirismo, o racionalismo e o apriorismo.

            A palavra empirismo tem sua origem no grego, “empeiria”, e significa “experiência”. O empirismo defende que todas as nossas ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais. Para o filósofo inglês John Locke (1632-1704) todo o nosso conhecimento está fundado na experiência. Nossa mente, ao nascermos, é como uma espécie de papel em branco, desprovido de ideias e conteúdo, a ser preenchido pela experiência, ou nas palavras do próprio filósofo: “não há nada no intelecto que não tenha antes passado pelos sentidos”. O empirismo valoriza os sentidos como fonte primordial de conhecimento e como critério de validade para se atingir o conhecimento verdadeiro.

            A principal obra do filósofo inglês sobre a origem do nosso conhecimento é o Ensaio acerca do entendimento humano. Locke viveu no contexto das grandes revoluções científicas do sec. XVII: era adolescente quando das descobertas de Galileu Galilei, além de ser contemporâneo de Thomas Hobbes, Descartes, Isaac Newton, Leibniz, Edmond Halley –o primeiro a observar e descrever a trajetória do cometa Halley, além de fazer observações importantes sobre o magnetismo, a propagação do calor, a luz etc. Vale salientar ainda, que Locke atuou em áreas como a medicina, anatomia e política.

            A obra Ensaio acerca do entendimento humano (LOCKE, 1991) é dividida em quatro livros e, de modo sucinto, podemos dizer que no Livro I, Locke apresenta argumentos contra a doutrina das ideias inatas e defende a tese de que todas as nossas ideias provêm da experiência, em suas modalidades de sensação e reflexão. No Livro II desenvolve o princípio de que a sensação e a reflexão são a base do conhecimento, tratando de temas como: os sentidos, a percepção, as operações mentais, os modos de pensamentos, as ideias complexas entre outras, estabelecendo uma distinção entre as ideias sensoriais e as ideias da reflexão. O Livro III aborda a questão da linguagem e das palavras: seu significado, termos gerais, abusos, imperfeições, termos concretos e abstratos etc. Finalmente, o Livro IV aborda o conhecimento em um sentido geral: os níveis de conhecimento e sua extensão, a verdade, as proposições universais, os juízos, a fé, a razão, o erro etc.

            Com a afirmação de que “ao nascermos, a mente humana é como um papel em branco, completamente desprovida de ideias”, surge então uma indagação: de onde provém o vasto conjunto de ideias que existe na mente do homem? O autor nos responde em uma só palavra: da experiência, a qual resulta da observação dos dados sensoriais, fundamentando todo o conhecimento existente nos homens.

            A palavra racionalismo deriva do latim, “ratio”, e significa “razão”. Para os racionalistas os sentidos não são confiáveis pois podem nos induzir ao erro. Por isso atribuem uma grande confiança no poder da razão humana como critério e instrumento capaz de conhecer a verdade. Nas palavras do filósofo francês René Descartes (1596-1650): “nunca devemos nos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão”. Os racionalistas afirmam que a experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo. Somente a razão humana, a partir de princípios lógicos, pode atingir o conhecimento verdadeiro. Para alguns destes racionalistas, entre eles Descartes e o filósofo alemão Leibniz, os princípios lógicos fundamentais são inatos, ou seja, nós já nascemos com eles em nossa mente. Daí porque a razão deve ser considerada como a fonte básica do conhecimento.

            Para o racionalismo a experiência, ou o conhecimento sensível, não pode ser considerado como fundamento para se alcançar o conhecimento verdadeiro, pois pode ser a origem de muitos erros e equívocos; o conhecimento verdadeiro é o conhecimento intelectual. A percepção não é muito confiável porque depende das condições particulares de quem percebe e esta imagem pode não corresponder à realidade do objeto. Vemos o Sol menor do que a Terra e, aparentemente, girando em torno dela. Um bastão (reto e contínuo) mergulhado na água é percebido como distorcido. Tudo isto implica em como o conhecimento que recebemos através dos sentidos podem nos induzir ao erro.

            Veja abaixo um quadro comparativo entre as ideias do racionalismo de Descartes e do empirismo do filósofo inglês David Hume:

            O apriorismo (palavra derivada da expressão latina “a priori”) tenta encontrar uma solução para o impasse criado entre o racionalismo e o empirismo. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) afirma que todo conhecimento começa com a experiência e que a razão é uma espécie de ordenadora dos dados sensoriais, ou seja, sem a razão, não há conhecimento, assim como não há conhecimento sem a experiência. Para organizar os dados da experiência Kant concebeu que existem certas estruturas mentais a priori (daí o nome apriorismo) no ser humano que possibilitam a experiência e determinam o conhecimento. Para Kant, a experiência fornece a matéria do conhecimento, enquanto que a razão (ou mais especificamente, as categorias do entendimento) organiza esse conteúdo de acordo com suas formas a priori, existentes em nossa mente.

            A teoria do conhecimento de Kant -  a filosofia transcendental ou idealismo transcendental -  teve como objetivo justificar a possibilidade do conhecimento, partindo da constatação de que nem o empirismo inglês, nem o racionalismo, o explicavam satisfatoriamente. Kant mostrou que, apesar de o conhecimento se fundamentar na experiência, esta nunca se dá de maneira neutra, pois a ela são impostas as formas a priori da sensibilidade e do entendimento, características da cognição humana.

            Sua reflexão filosófica foi muito abrangente e ele concentrou seus interesses, como ele mesmo afirma, em torno das seguintes questões: Que posso saber? Que devo fazer? Que é o homem? O que me é dado esperar? Naturalmente, a teoria do conhecimento procura responder a primeira pergunta, e se encontra, principalmente, na sua obra Crítica da Razão Pura, de 1781. Kant afirmou que, apesar da origem do conhecimento ser a experiência -  se alinhando aí com o empirismo - , existem certas condições a priori para que as impressões sensíveis se convertam em conhecimento -  fazendo assim uma concessão ao racionalismo. A reflexão kantiana tentou mostrar que a dicotomia empirismo/racionalismo requer uma solução intermediária e ele denominou de transcendental o enfoque que procura determinar e analisar as condições a priori de qualquer experiência.

 

Aprofundando a Crítica de Kant

            Antes de mais nada é preciso entender que Kant coloca a razão numa espécie de tribunal para julgar o que pode ser conhecido e que tipo de conhecimento não tem fundamento. Kant compara sua revolução filosófica com a realizada por Copérnico (a tese segundo a qual é a Terra que gira em torno do Sol e não o contrário, heliocentrismo). Kant diz que é preciso realizar um movimento semelhante, pois até então os filósofos supuseram que tudo pode ser conhecido pela razão; é preciso então colocar a razão no centro de nossa reflexão para realizar um exame crítico e saber se ela realmente pode chegar ao conhecimento total das coisas. A pretensão de todos os filósofos, racionalistas e idealistas, foi a de considerar que de algum modo podemos conhecer como são as coisas “nelas mesmas”, “a coisa em si”, independente do próprio sujeito que conhece. Mas para Kant, as coisas no mundo se ajustam aos nossos conceitos e não o contrário. O que ele tenta dizer aqui, em última instância, é que o objeto de conhecimento só nos aparece como fenômeno, pois é o sujeito que provém as condições de conhecimento, a partir do seu próprio entendimento e, nesse caso, se as condições elementares de conhecimento é o sujeito que as põe no objeto, então não podemos conhecer os objetos senão segundo nossos próprios conceitos.

          Por outro lado, para superar a dicotomia entre o racionalismo e o empirismo Kant explica que o conhecimento é constituído de matéria e forma. A matéria dos nossos conhecimentos são as próprias coisas, e a forma, nossa própria estrutura mental, que ao perceber as coisas do mundo, organiza-as em nosso entendimento de acordo com suas formas a priori. Assim, para conhecer as coisas, precisamos ter delas uma experiência sensível, mas essa experiência sensível não será nada se não for organizada pela nossa estrutura mental. Para conhecer as coisas temos de organizá-las a partir do nosso entendimento.

           No ano de 1770 Kant escreveu uma dissertação intitulada Acerca da Forma e dos Princípios do Mundo Sensível e Inteligível. Kant tinha à época 46 anos. Já era conhecido do público alemão pelos escritos filosóficos que tinha publicado. Com a dissertação ele ganhou o posto de professor de Lógica e Metafísica da Universidade de Konigsberg. Nessa obra ele postula uma diferença entre dois tipos de conhecimento: Conhecimento sensível: o sujeito recebe “impressões” dos objetos. Nessa forma de conhecimento o sujeito lida com as aparências dos objetos, ou com o que Kant chama de “fenômenos”. Todo fenômeno é uma experiência sensível limitada ao sujeito que percebe; Conhecimento Inteligível: é a capacidade que o sujeito tem de “representar” as coisas conceitualmente, isto é, representar os dados que não podem ser captados pelos sentidos. Exemplo. Se você definir um quadrado como “objeto que possui quatro lados”, a propriedade “quatro lados” é claramente obtida por sua experiência no contato com objetos desta dimensão. Mas o mesmo não ocorre com o conceito “possibilidade”. Você não encontra no mundo nada que possa ser identificado com esse conceito. Trata-se de um conceito abstrato, inteligível, cuja propriedade é definida inteiramente pelo pensamento.

          Kant considerava, pois, que o conhecimento não podia fundamentar-se unicamente na razão, como pretendiam os racionalistas, mas também não podia reduzir-se unicamente aos dados da experiência, como queriam os empiristas. Para o filósofo alemão o conhecimento é uma síntese, operada pela razão, das informações que a sensibilidade humana é capaz de reunir durante a existência. A experiência é antes fonte dos dados recebidos pela sensibilidade do homem, mas devidamente organizados por determinados conceitos existentes na mente. Conceitos que não derivam da experiência, pois são-lhe independentes dos anteriores - são os conceitos puros do entendimento, a priori, e daí chamar-se apriorismo à sua doutrina. Tal doutrina pregava que o conhecimento é como o resultado de um processo de transformação de uma matéria prima dada pela experiência e apreendida pelo entendimento como tendo determinada significação.

            Na visão de Kant,  

O nosso conhecimento procede de duas fontes fundamentais do espírito: a primeira é o poder de receber as representações (a receptividade das impressões), a segunda, o de conhecer o objeto por meio dessas representações (espontaneidade dos conceitos). Pelo primeiro, um objeto é-nos dado; pelo segundo, ele é pensado em relação com esta representação (como simples determinação do espírito). Intuição e conceitos constituem, portanto, os elementos de todo o nosso conhecimento; de maneira que nem os conceitos sem uma intuição que lhes corresponda de algum modo, nem uma intuição sem conceitos, podem dar um conhecimento. (...) Se chamamos sensibilidade à receptividade do nosso espírito, a capacidade que tem de receber representações na medida em que é afectado de alguma maneira, deveremos, em contrapartida, chamar entendimento à capacidade de produzirmos nós mesmos representações ou à espontaneidade do conhecimento. A nossa natureza implica que a intuição não pode nunca ser senão sensível, quer dizer, que contém apenas a maneira como somos afetados pelos objetos, enquanto o poder de pensar o objeto da intuição sensível é o entendimento. Nenhuma destas duas propriedades é preferível à outra (KANT, 1999, p. 32).

            O verdadeiro conhecimento pressupõe a experiência como modo do homem contatar com a realidade, e do fato de existirem conceitos e categorias que são a priori e, como tal, possuem as características de universalidade e de necessidade.

 

Referências Bibliográficas

HESSEN, J. Teoria do Conhecimento. Tradução de Antônio Correia. 8. ed. Coimbra: Armênio Amado, 1987.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo, Nova Cultural: 1999.

LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Segundo tratado sobre o governo. 5. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os pensadores, 9)

MORENTE, Manuel García. Fundamentos de Filosofia: lições preliminares. Tradução de Guilhermo de La Cruz Coronado. 8. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1930.

 

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Apresentação de Slides

1. Teoria do Conhecimento

2. Iniciação à Pesquisa Científica