Educação ambiental no ambiente escolar
Vivemos uma época em que a sociedade do século XXI promove a educação ambiental como uma das temáticas relevantes para o futuro[1]. É imprescindível que essa educação seja realizada tanto na escola como em outros locais, mas sem dúvida a escola é um espaço privilegiado para promover essa educação, pois “a escola é um espaço que proporciona a integração no convívio social e o pleno desenvolvimento do aluno de forma integral, sendo como uma das principais finalidades” (LANG; GODO, 1999, p.130). Sobre a importância do papel da escola Miranda ressalta que:
A escola tem três tarefas básicas a desempenhar a favor dos interesses das classes sociais. Primeiramente, deverá facilitar a apropriação e a valorização das características sócio-culturais próprias das classes populares. Em segundo lugar, e como consequência da primeira, a escola deverá garantir a aprendizagem de certos conteúdos essenciais da chamada cultura básica (leitura, escrita, operações matemática, noções fundamentais de história, geografia, ciências, etc.). Finalmente, deverá propor a síntese entre os passos anteriores, possibilitando a crítica dos conteúdos ideológicos proposto pela cultura dominante e a reapropriação do saber que já foi alienado das classes populares pela dominação. (1983, p.54-55)
Nesse sentido, a autora afirma que a escola deverá cumprir essas três tarefas básicas em função da sociedade, como facilitar e desenvolver a valorização das características sociais e culturais através de um diálogo com o corpo docente, discente, administrativo, e a comunidade no seu dia-a-dia, é importante que esse espaço possa ser um local em que o aluno irá aprender novos conteúdos básicos para a sua vida, como por exemplo, o ato de ler e escrever, ter a capacidade de resolver as operações matemáticas, saber sobre o processo da história, geografia, ciências e entre outros conteúdos fundamentais para a aprendizagem do aluno.
Um dos grandes problemas é que, segundo Penteado, “pouco se leva da escola para a vida. E assim a vida vai se repetindo, se conservando. Perpetuando e multiplicando os seus problemas” (2010, p. 60), sem que os mesmo possam ser discutidos, pois, o que observamos nas escolas atualmente, é que esses conteúdos básicos como a história, geografia e ciências, infelizmente não possuem importância para a classe dominante, pois a escola assume uma função de preparar os alunos para o sistema de prova nos conteúdos de Língua portuguesa e matemática, para garantirem prêmios com um bom resultado dos alunos nesses conteúdos, sendo como uma forma de recompensa à escola e ao mesmo tempo demonstrar pra sociedade que é uma escola de referência.
Entretanto, Penteado afirma que “a escola é um local, dentre outros (família, trabalho, clube, igreja etc.) onde não só os alunos, como também os professores, exercem sua cidadania, ou seja, comportam-se em relação a seus direitos e deveres”, (2010, p.99). Isto significa que a autora afirma que a escola vem a ser um espaço como outro qualquer, que se pode ensinar o indivíduo a exercer a sua cidadania, a solidariedade e a respeitar o próximo e, também, respeitar o meio ambiente em que vive.
Por isso acredita-se que os valores ambientais, que são de suma importância, devem ser ensinados na escola, tanto quanto pela própria família, igreja e outros locais, na mesma proporção em que se educa para o respeito, a honestidade, a solidariedade, a compreensão e outras qualidades existentes entre pessoas unidas por interesses comuns.
Para a autora, “o desenvolvimento da cidadania e a formação da consciência ambiental tem na escola um local adequado para sua realização através de um ensino ativo e participativo, capaz de superar os impasses e insatisfações vividas de modo geral pela escola na atualidade, calcados de modos tradicionais” (PENTEADO, 2010, p. 59-60). Nesse sentido, a autora faz uma crítica em relação às escolas que possuem um lugar adequado, materiais pedagógicos e aparelhos tecnológicos (computador, quadro tecnológico, data-show e outros) que possam contribuir para o processo de ensino-aprendizagem do aluno de forma participativa e criativa, mas que infelizmente isso não acontece por que talvez os professores estejam tão acostumados a um modo mais tradicional de ensinar, que acabam ignorando todos esses recursos, ou seja, o seu ensino é mais conservador, trabalhando apenas com informações pré-definidas pela proposta de ensino da escola.
Quando falamos em educação ambiental na escola geralmente esta ideia ambiental está associada à determinada prática de limpeza de algum lugar poluído, com, por exemplo, costumamos até mesmo a dizer: “hoje vamos limpar tal coisa em determinado local, vamos limpar o rio” que é realizado somente naquele dia, e infelizmente não damos conta do equívoco que cometemos, pois a educação ambiental não é simplesmente limpar algo ou algum lugar, e sim educar o indivíduo para que ele possa adquirir um hábito ou uma mudança de atitude através dessa educação ambiental.
Nesse sentido, Leff (2007) destaca que a educação ambiental formal, na educação básica, transmite uma consciência geral de ambiente (ou pelo menos deve transmitir), no qual irá induzir os alunos a uma mudança nas capacidades perceptivas e valorativas.
Ou seja, quando a educação ambiental é trabalhada na escola efetivamente, os alunos são capazes de construírem uma nova visão, mais crítica, adquirem novos comportamentos perante as suas práticas e atitudes, conseguem se posicionar de forma crítica e reflexiva diante de diversos temas. Quando o professor promove atividades com seus alunos, como por exemplo, a confecção de cartazes ou as passeatas relacionadas a temáticas ambientais, geralmente essas atividades são trabalhadas de forma vazia, pois esse momento deveria promover e ao mesmo tempo trabalhar com seus alunos a questão de educar para cuidar o meio em que vive, ou seja, conscientizar os seus alunos a adquirirem novos comportamentos para minimizar os efeitos causados pela falta de educação da população através dessas simples atividades.
Penteado, afirma que “a escola é sem sombra de dúvida, o local ideal para promover este processo de aprendizagem” (2010, p.22), como desenvolver a mudança de atitude e adquirir um comportamento ecologicamente correto, mas isso, só é possível quando todos colocam essa prática no dia-a-dia, não ficando só na teoria.
Sendo assim, os autores acreditam que:
Olhar a escola como um lugar de formação humana significa dar-se conta de que todos os detalhes que compõem o seu dia-a-dia, estão vinculados a um projeto de ser humano, estão ajudando a humanizar ou a desumanizar as pessoas. Quando os educadores se assumem como trabalhadores do humano, formadores de sujeitos, muito mais do que apenas professores de conteúdos de alguma disciplina, compreendem a importância de discutir sobre suas opções pedagógicas e sobre que tipo de ser humano estão ajudando a produzir e a cultivar (ARROYO; CARLDART; MOLINA, 2008, p.120).
Os autores acreditam que a escola é um espaço de formação humana, em que os professores são os responsáveis de educar a sua “clientela”, mas é preciso que a família também faça parte dessa formação.
A educação ambiental em muitas escolas tem sido discutida com vistas à conscientização dos discentes, mas é necessário que haja informações e as metodologias que possibilitem a reflexão para essa ação efetiva.
De acordo com Loureiro:
É necessário identificar, discutir e construir novas representações de todos os sujeitos envolvidos no processo educativo, professores, alunos, pais, comunidade. A reconstrução das representações necessita de sua discussão. Esse é um meio de reorientar as ações na e para a Educação Ambiental (LOUREIRO, 2006, p. 29).
Ou seja, a educação ambiental na escola, vai muito além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente, porque, através do ensino isso implicará também num equilíbrio do ser humano consigo mesmo e, em consequência, com o planeta. Assim, identificar, conhecer, discutir é entrar em contato com a natureza e poder dar condição necessária para preservá-la através do processo educativo.
Portanto, a escola tem um papel fundamental na vida do educando, pois é uma instituição que tem como função de ensinar e promover as diversas discussões de diferentes temas, mas em especial que venha a promover um ensino a cerca da educação ambiental no seu contexto escolar. Nesse sentido, “a escola é um lugar de estudo, porque é lugar de formação humana, e não o contrário” (ARROYO; CARLDART; MOLINA, 2008, p.120).
Referências Bibliográficas
ARROYO. Miguel Gonzalez; CARLDART. Roseli Salete; MOLINA. Castagna. (Orgs.). Por uma educação do campo. 3.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
LANG. S.T.M; GODO.W. Psicologia social: O homem em movimento. 13.ed. São Paulo: Brasiliense, 1999.
LEFF. Enrique. Epistemologia ambiental. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007.
LOUREIRO. Carlos Frederico B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
MIRANDA. Marília Gouvea de. Do cotidiano da escola: observações pré-liminares para uma proposta de intervenção no ensino público. (Dissertação de mestrado) São Carlos, UFSCar, 1983.
PENTEADO. Heloísa Dupas. Meio ambiente e a formação de professores. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2010.
[1] Este tópico é uma colaboração do Trabalho de Conclusão de Curso da então acadêmica do curso de Pedagogia (UFAM/ICSEZ) Kátia Ketmen Lima, defendido em 2014, sob o título: Educação ambiental na escola: uma abordagem sobre as praticas metodológicas do professor no ensino fundamental.
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