Depressão, ansiedade e pânico: o que não pode ser visto por trás de sorrisos
por Luana Pantoja Medeiros
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postado em mar. 2019
A depressão está sendo considerada uma doença pós-moderna, alguns podem até pensar que sim, pois atualmente tem se comentado muito sobre a doença. A mídia em si, tem feito esse trabalho nos últimos anos, e não podemos considerar um fato isolado. “No último relatório da (OMG) Organização Mundial de Saúde, a depressão se situa em quarto lugar entre as principais causas de ônus entre todas as doenças” (GONÇALVES/ MACHADO, 2007, p, 298). Segundo as autoras, se persistir as incidências da depressão, até 2020 ela estará em segundo lugar em todo o mundo.
Ansiedade, depressão e pânico, transtornos mentais que parecem estar associados, sempre com incidências de estarem correlacionadas entre si. Na ansiedade, a pessoa entra em um quadro ansioso, que depois a levará a depressão, isso tudo acompanhado de sintomas psicossomáticos, que podem incluir crises de ataques de pânico, em casos mais graves, conhecido também como transtorno do pânico.
A manifestação central do transtorno de pânico é o ataque de pânico, um conjunto de manifestações de ansiedade com início súbito, rico em sintomas físicos e com duração limitada no tempo, em torno de dez minutos. Os sintomas típicos são: sensação de sufocação, de morte iminente, taquicardia, tonteiras, sudorese, tremores, sensação de perda do controle ou de “ficar louco”, alterações gastrointestinais. (ABP, 2008, p.3).
As primeiras manifestações do ataque de pânico costumam vir de modo inesperado. Os motivos? Os mais variados, desde uma simples viagem a um trabalho de conclusão de curso. Depois podem surgir a partir de um nível de ansiedade alterado, ou qualquer outro motivo, algo que cause angústia ou medo, e antecipe um acontecimento, algumas vezes considerado normal, mas para alguém que sofre com o transtorno, pode se tornar algo insuportável.
A pessoa que sofre de transtorno do pânico costuma sentir uma grande dependência de pessoas para lhe auxiliarem, ou uma pessoa, em especial. É um fato que passar por um ataque de pânico sozinho pode ser muito pior do que estar com alguém ao lado. Com a progressão do transtorno, o paciente fica cada vez mais dependente dos outros e com seu espectro de atividades cada vez mais limitado.
A ansiedade não tem tempo certo de duração, pode durar longos meses, até mesmo se tornar uma doença crônica. A depressão varia de pessoa para pessoa, e das situações, às vezes meses, às vezes semanas.
A depressão é uma doença afetiva ou do humor, as causas dessa doença ainda são bastante controversas, mas é possível afirmar que há fatores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. “Condições de vida adversas e estresse, divórcio, perda de um ente querido, traumas, gravidez, desemprego, e em alguns casos, algumas doenças podem causar a depressão.” (TADOKORO, 2012, p. 13).
Matar um leão por dia: breve relato de um ansioso
A ansiedade acaba nos fazendo reféns de nós mesmos, é como se tivéssemos presos dentro de nós, vedados e amarrados. Um sentimento de aniquilação acaba pairando sobre nossas cabeças como uma nuvem maciça e escura, isso nos impede de fazer coisas simples, consideradas banais, no dia a dia. É o próprio sentimento de morte, é a dor de estar vivo, é a dor de não suportar estar dentro de si mesmo, estar só consigo mesmo.
Conviver com oscilação de humor não é fácil, e apesar de muitos estudos estarem ao alcance das mãos das pessoas, é comum ouvir dizer que depressão é frescura, que é falta de religião, falta do que fazer.
Escrever sobre este assunto, tão delicado, não é confortável, mas daqui do meu lugar de fala, é mais fácil dizer para outras pessoas que não estamos sozinhos, que devemos falar para confortar outras pessoas, encorajá-las para buscar ajuda profissional.
Nos tempos de tristeza profunda, é como ter que matar um leão por dia, sobreviver, é como não fechar os olhos para que um terrível pesadelo aconteça, é transitar entre o real e o medo intermitente de algo arrebatador acontecer a qualquer momento.
Existem pessoas que relutam bastante o fato de que a depressão é uma doença grave, existem outras pessoas que nem se quer sabem que estão enfrentando um momento de depressão. É estranho porque um dia você está feliz, e no outro, você só espera sobreviver. As cores mudam, os dias passam devagar, tudo é triste. É você, e uma multidão, você grita e ninguém te escuta, ninguém vê.
Uma vez, um médico me disse, se você se cortar, se você sofrer um acidente e machucar sua cabeça, todos irão ver, e ainda que seja uma fratura interna, uma máquina especializada poderá mostrar onde esta o problema, a enfermidade.
A depressão não é assim, não se pode ver, nem mostrar, nem ao menos descrever, porque nada é tão parecido com a estranheza dos momentos de aflição, nenhum vocábulo pode explicar as características de uma crise de pânico, ou aquela dor profunda de tristeza e solidão.
Não é nada, nada aconteceu, mas ela está ali. E somos pessoas normais, sorrimos, cantamos, praticamos esportes, mas em algum momento, ela volta, e traz consigo tudo isso que já foi citado, não exatamente dessa forma, mas de uma forma que não tem descrição exata.
Enfrentar esses transtorno é, sem dúvida, equivalente a matar um leão por dia.
Referências Bibliográficas
ABP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Transtornos de Ansiedade: Diagnóstico e Tratamento. Projeto Diretrizes, Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2008.
GONÇALVES, Cintia Adriana Vieira; MACHADO, Ana Lúcia. DEPRESSÃO, O MALDO SÉCULO: DE QUE SÉCULO? Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 abr/jun; 15(2):298-304.
TADOKORO, Deise Carvalho. Transtornos mentais na atenção primária: uma reflexão sobre a necessidade de organizar e acolher a demanda dos usuários dos SUS. UFMG, Uberaba, 2012.
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