Coreia no Norte – Você tem medo de quê?
por Mário Lúcio Souto Lacerda
Advogado
soutolacerda@gmail.com
Quando a Coreia do Norte perdeu Kim Jong-il em dezembro de 2011, muitas foram as manifestações de pesar ocorridas naquela Democracia Popular.
Milhões de cidadãos e cidadãs externaram sua dor pelo desaparecimento do grande líder. Os repórteres do mundo todo mostravam homens, mulheres e crianças nas ruas da capital, no campo, nos meios urbanos, manifestando inconteste angústia pela perda do Guerreiro que ajudou a Coreia a vencer as batalhas contra os invasores orientais e seus aliados do ocidente, expulsando para sempre a mão opressora que explorou e escravizou o povo da península por muitos anos!
Nações independentes e soberanas também externaram pesar pelo passamento do grande líder. Foram os casos da China, do Irã, de Angola, da Rússia, dentre outras.
Não satisfeitos com as reações de apoio e de reverência ao Líder falecido, insignificantes setores da mídia internacional reagiram às notícias das lágrimas sugerindo que seriam falsas ou que seriam reações impostas pelo governo central de Pyongyang. Segundo a pueril ideia daqueles agentes da comunicação, quem não chorasse pagaria com a própria vida.
Na condição de reprimidos e serviçais, naquela data, um ou dois jornais tupiniquins tiveram a desvergonha de publicar em seus sites que o mundo discutia a sinceridade de choro dos norte coreanos. Na opinião do baixo clero do jornalismo brasileiro, as reduzidas esferas dos meios de comunicação internacional passaram a representar o mundo todo.
Quem acreditava em coelhinho da páscoa e nos finais felizes das novelas viu naquelas manchetes de dúvidas sobre choro do povo coreano uma forma de discutir e debater, sem a menor massa crítica, os rumos da política internacional.
Há anos a Coreia do Norte é vendida para os brasileiros como uma ditadura implacável. O patrocinador dessa venda é o país com o maior número de genocídios contra povos independentes, intitulado como “A grande nação irmã.”
Muita gente, borrada pelo medo, sem direito à moradia, escolas laicas de qualidade e gratuitas, tratamento de saúde/dentário integral e transporte público bancados pelo Estado achou-se competente para atirar fezes no ventilador do regime socialista do Leste Asiático.
P’yŏngyang, cidade fundada em 1112 antes de cristo, em séculos de lágrimas e de lutas, emerge, nos anos 2018, como uma capital protagonista de um nação poderosa e dona do seu destino, que trouxe em defesa do seu povo e da sua soberania importantes conquistas sociais aliadas a um invejável arsenal atômico, curvando a mídia internacional e as potências nucleares, forçando, sem retorno, um diálogo pela paz.
O ventilador norte coreano, em forma de bomba atômica, devolve aos enfezados – aqui a expressão quer dizer cheios de fezes - os excrementos atirados desde os anos 45 do século XX.
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