Vida Verdadeira
Alma irmã, trago à nossa reflexão a informação de Allan Kardec sobre a “verdadeira vida”. Eis o que nos diz o Codificador da Doutrina Espírita: “A verdadeira vida, tanto do animal quanto do homem, não está no envoltório corpóreo, do mesmo modo que não está no vestuário. Está no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo” (A gênese, cap. 3, it. 21). Isso não significa que tenhamos de desprezar nossa vida física, pois esta nos foi dada para que nos aperfeiçoemos espiritualmente. Por isto mesmo é que Kardec complementa: “Esse princípio necessita do corpo para se desenvolver pelo trabalho que lhe cumpre realizar sobre a matéria bruta”.
Falando sobre a fé, um Espírito diz o seguinte: “A fé inata será um dos caracteres distintivos da nova geração, não a fé exclusiva e cega que divide os homens, mas a fé raciocinada, que esclarece e fortifica, que os une e confunde num sentimento comum de amor a Deus e ao próximo”.
No livro O Consolador, item 260, o Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, sobre o caráter religioso do Espiritismo, diz isto:
Religião é sentimento divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operaram o trabalho da experimentação e do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos. As primeiras se irmanam na sabedoria, a segunda personifica o amor, as duas asas divinas com que a alma humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da Espiritualidade.
Vemos, assim, que as religiões enfatizam a fé como um dos seus postulados fundamentais, com o que o Espiritismo também concorda. Com relação à vida espiritual, Jesus recomendou o seguinte: “Não acumuleis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus, 6:19 a 21). Ou seja, nosso principal cuidado, enquanto no corpo físico, deve ser com as coisas espirituais, pois é nelas que está a verdadeira vida, o que não significa desprezo total pelas coisas materiais e, sim, desapego, mas bom uso delas. Não somente em nosso benefício, como também do próximo. Por isso a máxima espírita é a caridade...
Kardec, independentemente de considerarmos o aspecto religioso e não basicamente moral do Espiritismo, afirmou que o Espiritismo, destruindo o materialismo, é o maior auxiliar da religião, que não discrimina nenhuma. Atualmente, percebemos nas palavras de diversos religiosos a influência das ideias elevadas do Espiritismo. É comum ouvirmos dos sacerdotes a orientação aos seus prosélitos de que Deus está em toda a parte, é Espírito e, portanto, sua lei máxima, da qual decorrem todas as outras, é a Lei Natural ou Divina.
Constatamos, entretanto, que os pastores e sacerdotes, sem nenhuma crítica nossa nesse sentido, usam a palavra para doutrinar seus adeptos e conquistar prosélitos com base exclusivamente em orientações comportamentais relacionadas à prática do bem como forma de viver bem na Terra e alcançar o “reino dos céus” prometido por Jesus aos bons. Nada contra isso. Quanto a esse “reino”, todavia, nada é explicado de modo consolador. Só o Espiritismo, além doutras filosofias e crenças orientais, bem como a Teologia traçam com clareza o modo claro de se entender, após a curta existência no mundo, as palavras de Jesus relacionadas ao resultado, para cada um de nós, de nossas ações: “A cada um segundo suas obras” (Mateus, 16:27).
Por isso, afirmou ainda Jesus, como lemos em Mateus, 10:26 que “nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se”. Estava reservado ao Espiritismo, como Consolador prometido pelo Cristo esta revelação, como lemos em João, 14:15 a 18.
O Espiritismo é Jesus que retorna, em espírito, com toda a glória dos seus ensinamentos agora explicados em seu verdadeiro sentido. Não somente para nos esclarecer sobre as aparentes desigualdades da vida material, como também para nos dar o sentido do “reino dos céus” e também do inferno como frutos de nossas próprias obras, que serão aferidas na verdadeira vida: a vida espiritual.
Paz e luz!
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Sobre o Autor
Jorge Leite de Oliveira é
Consultor Legislativo aposentado da CLDF. Formação acadêmica: Bacharel em Direito (Advogado, OAB/DF 16922); grad. em Letras (UniCEUB); pós-grad. em Língua Portuguesa(CESAPE/DF) e em Literatura Brasileira (UnB); Mestre em Literatura e Doutor em Literatura pela UnB. Professor de Língua Portuguesa, Redação, Orientação de Monografia, Literatura e Pesquisas, no UniCEUB, de 1º set. 1988 a 1º jul. 2010. Palestrante, escritor, revisor e articulista espírita. Autor do Blog: <jojorgeleite.blogspot.com/>.
Autor dos livros:
1. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed. 1. reimp. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.
2. Guia prático de leitura e escrita. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
3. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra machadiana. Curitiba, PR, 2018.
4. Da época de estudante de Letras: edição esgotada: Mirante: poesias. Brasília: Ed. do autor, 1984.
5. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. 3. ed. rev., ampl. e melhorada. Brasília: abcBSB, 2004 (também esgotada).
Contato:
jojorgeleite@gmail.com