Sós, mas nem tanto...

03/05/2023 18:50

Alma amiga, há um brocardo que diz: “Quando nasceste, todos sorriam, só tu choravas. Vive de tal modo que, quando morreres, todos chorem, só tu sorrias”. Evidentemente, não devemos esperar tanto... Há até mesmo artistas renomados que pedem aos amigos e fãs a realização de uma festa durante as suas exéquias. Algumas religiões admitem até que se cantem músicas, especialmente, após sete dias do enterro do falecido, qual ocorre com algumas correntes budistas.

          A morte ou despedida de alguém querido é também homenageada em belas músicas de nossos cantores, como Tim Maia, que gravou Gostava tanto de você, composição de Edson Trindade. Segundo uma versão da origem da música, ela teria sido feita em homenagem a uma filha do cantor, falecida quando jovem. Outra bela música, também entoada como despedida de alguém muito querido, é a versão em português, pelo compositor Fernando Brandt, da música Canção da América, escrita em inglês por Milton Nascimento sob o título de Unencounter. Considerada popularmente como hino da amizade, a música foi composta em homenagem a Ricky Fataar, amigo de Milton Nascimento, e também foi cantada nas despedidas de personalidades famosas falecidas, como Airton Senna e Leandro, cantor de dupla famosa com seu irmão Leonardo. Epitáfio, cantada pelo grupo Titãs, lembra-nos que a morte é o fim de todas as ilusões e que, portanto, precisamos ocupar bem os momentos vividos com aqueles que amamos.

          Outras músicas que relatam a dor do luto e a necessidade de continuar a aproveitar bem nossa vida, guardando com carinho a lembrança de quem partiu para o mundo invisível, são as seguintes: Sonhando, música cantada por Bruno e Marrone, composta por Anderson Richards em homenagem a seu pai falecido; O anjo mais velho, música escrita por Fernando Anitelli em homenagem ao seu irmão falecido.

          Com a letra de Fita amarela, escrita e cantada por Noel Rosa e regravada por Zeca Pagodinho, encerro essa mostra, que você pode ouvir em letras.mus.br, site https://letras.mus.br/noel-rosa-mus:

 

Quando eu morrer,

Não quero choro, nem vela,           Bis

Quero uma fita amarela

Gravada com o nome dela.

 

Se existe alma,

Se há outra encarnação,

Eu queria que a mulata

Sapateasse no meu caixão

Sapateia, sapateia...

 

Quando eu morrer,

Não quero choro, nem vela,         Bis

Quero uma fita amarela

Gravada com o nome dela.

 

Não quero flores,

Nem coroa com espinho

Só quero choro de flauta

Com violão e cavaquinho!

 

Quando eu morrer...

 

Quando eu morrer,

Não quero choro, nem vela,         Bis

Quero uma fita amarela

Gravada com o nome dela.

 

          Sobre o tema morte, o Espírito Emmanuel, antes de sua mensagem intitulada Autolibertação (extraída da obra Fonte Viva, psicografada por Chico Xavier), cita este versículo de carta de Paulo, que lemos em I Timóteo, 6:7: “Nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele”. Em seguida, diz Emmanuel: “Se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do ‘eu’, começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver como possuindo tudo e nada tendo, com todos e sem ninguém”.

          Prosseguindo, diz: “Se chegaste à Terra na condição de um peregrino necessitado de aconchego e socorro e sabes que te retirarás dela sozinho, resigna-te a viver contigo mesmo, servindo a todos, em favor do teu crescimento espiritual para a imortalidade”.

          Entre outras frases, para nossa reflexão, recomenda-nos consagrarmo-nos ao bem por amor ao próprio bem, antes de qualquer coisa. E que ser “realmente grande” é reconhecer “nossa pequenez ante a vida infinita”. Por isso mesmo, sugere-nos não nos impormos a ninguém, “afugentando a simpatia” doutrem, pois nem sempre prescindiremos do concurso alheio na execução de nossos trabalhos.

          Também nos lembra que não devemos imaginar nossa dor como sendo maior que a dor do nosso vizinho, e que nem tudo o que nos agrada agradará àqueles que nos seguem. Entretanto, ainda segundo esse elevado Espírito, é muito importante combatermos nossa tendência ao melindre pessoal, pois magoar-se com “o sarcasmo ou o insulto dos outros” é semelhante a “cultivar espinhos alheios em nossa casa”.

          Antes de concluir sua bela mensagem, Emmanuel demonstra que, mesmo afastados da companhia dos seres amados e da sociedade humana, em geral, a cada manhã, devemos manter o propósito de seguir para “diante, na certeza de que acertaremos as nossas contas com quem nos emprestou a vida, e não com os homens que a malbaratam”.

 

 

Espiritualidade e PolíticaEspiritualidade → Crônicas Espíritas → Sós, mas nem tanto...

Sobre o Autor

Jorge Leite de Oliveira é

Consultor Legislativo aposentado da CLDF. Formação acadêmica: Bacharel em Direito (Advogado, OAB/DF 16922); grad. em Letras (UniCEUB); pós-grad. em Língua Portuguesa(CESAPE/DF) e em Literatura Brasileira (UnB); Mestre em Literatura e Doutor em Literatura pela UnB. Professor de Língua Portuguesa, Redação, Orientação de Monografia, Literatura e Pesquisas, no UniCEUB, de 1º set. 1988 a 1º jul. 2010. Palestrante, escritor, revisor e articulista espírita. Autor do Blog: <jojorgeleite.blogspot.com/>.

 

Autor dos livros:

1. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed. 1. reimp. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

2. Guia prático de leitura e escrita. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

3. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra machadiana. Curitiba, PR, 2018.

4. Da época de estudante de Letras: edição esgotada: Mirante: poesias. Brasília: Ed. do autor, 1984.

5. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. 3. ed. rev., ampl. e melhorada. Brasília: abcBSB, 2004 (também esgotada).

 

Contato:

jojorgeleite@gmail.com