Mentalidade psíquica e relações sociais
Pelo que expusemos até aqui, parece claro como cada tipo de mentalidade psíquica influencia de alguma forma a vida em sociedade.
No nível mais baixo aqueles que se encontram no nível de maturidade da forma mental “animal” e “selvagem” baseiam suas relações a partir de seus impulsos primitivos e tomam como princípio de suas ações a força e a luta. O seu modo de ação social e moral é o de uma obediência cega e mecânica, apenas repetindo o que fazem os outros, porque para ele o que faz a maioria representa a verdade, quando não é levado a contrariar as regras em função de seus instintos inferiores. A ignorância é o estado normal deste tipo que não apresenta dilemas morais ou intelectuais, agindo mais de acordo com seus instintos básicos e a satisfação de suas necessidades como a fome, a procriação, seus impulsos e desejos. As necessidades imediatas são os problemas mais elementares e urgentes que a vida lhe impõe. Ao tomar como princípio fundamental a luta pela vida, a seleção do mais forte e o individualismo, as consequências para a vida em sociedade são funestas: burlar a lei e aproveitar-se da situação no interesse próprio é o principal móvel de suas ações.
Entre um nível e outro temos a mentalidade psíquica do nível médio que, além de agir através dos instintos, age também através do intelecto, o que implica pensar, refletir, analisar. Não age apenas por imitação ou porque disseram que é assim e se aceita as normas da ética e da sociedade o faz com relativa autonomia de juízo. O nível em que se encontra já o permite ter um relativo controle sobre os instintos e emoções através da inteligência não se deixando levar mecanicamente por eles embora, nem sempre, consiga controlar tais impulsos. É um biótipo que possui alguns recursos mais adiantados e outras necessidades a satisfazer e age em função dessas necessidades: ele quer conhecer, que entender as normas de vida social, quer sair do seu estado de ignorância, descobrir novos caminhos para o progresso da humanidade.
No nível mais alto abandona-se o método da luta e as ações se baseiam em uma adesão espontânea à Lei de Deus e na colaboração. O seu modo de agir, seja para com o próximo, seja dentro das relações sociais, é iluminado pelo conhecimento da Lei divina que alcançou por intuição. O espírito então abandona todo tipo de egocentrismo e chega mesmo a anular-se diante de diferentes situações que a vida lhe impõe em função de uma causa maior e em razão de um sentimento maior: o amor que nutre por seus irmãos e o amor que experimenta no mais íntimo do seu ser que o faz ter a certeza da existência de uma força soberana e suprema, em torno da qual e pela qual vale a pena sacrificar toda sua existência material.
O egoísmo é princípio desagregador e, por isso, não pode constituir fundamento da sociedade. Por isso Ubaldi (1982, p. 79) afirma a necessidade de um novo homem que possa pensar e agir coletivamente, organicamente, animado por valores diferentes do que do domínio da força, do egoísmo e da astúcia. O livro A Nova Civilização do Terceiro Milênio dedica um capítulo inteiro ao que Ubaldi (1982, p. 79-93) chama de A Lei da Honestidade e do Mérito, que são os valores que servem de guia ao evoluído.
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