(Luana Medeiros)
Sou quadruplamente marcada
-A vida é uma vertigem-
Por ser pobre, de nascença
Por ser índia, de origem
Por ser fêmea, de espécie
Mas ser poeta é o cancro
A lepra, a cólera, a úlcera
O boletim contra a mulher pobre:
Foi presa por abortar na clandestinidade
Contra a índia:
Foi morta em confronto com os latifundiários
E sobre a poeta, o que diz:
Surrada pela fome nas grandes cidades
Saquei meu bloco de notas
Solfejei curta mensagem:
De pobre, índia, fêmea e poeta
Todas na mesma embalagem
Superabundam sarjetas
Cemitérios, carceragens
Sou quadruplamente marcada:
O bolso, a pele, a origem, a linguagem
Técnica de escrita: Pastiche
Referência ao poema de Aderaldo Luciano
A Política e suas Interfaces → Arte e Política → Poesia e Política → Poética Feminista → MARCAS
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Sobre a Autora
Luana Pantoja Medeiros
é Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. Pesquisadora nas áreas de Sociolinguística, Linguagem, Gênero e Relações de Poder, Poesia e Poética Feminista.