Lei de Causa e Efeito e Paz na Terra

10/11/2022 21:17

            Alma querida, hoje gostaria de refletir contigo sobre a guerra e a lei de causa e efeito. Embora, na Terra, os conflitos bélicos sempre existissem, desde a Segunda Guerra Mundial vivíamos em relativa paz no Ocidente. Quando esse conflito acabou, em 1945, eu ainda não havia nascido. Entretanto, os 77 anos de relativa paz mundial devem ter dado a impressão a muita gente de que jamais voltariam a ocorrer, no mundo, as aberrações dum combate sangrento, com milhares de pessoas morrendo de ambos os lados da luta. Isso sem me referir à chamada guerra fria, que se iniciou em 1947 e só terminou em 1991.

         Passo, então, ao relato de amigo português espírita, aposentado e residente em Brasília sobre sua experiência militar de vida passada e presente:

         — Desde que me casei — disse-me ele — eu e a esposa, brasileira, nos reunimos, ao menos uma vez por semana, para a realização do culto do evangelho no lar. Com o correr dos anos, tivemos três filhos no Brasil: duas meninas e um menino. Mas é a filha mais nova que, desde os primeiros anos de idade, é médium vidente e audiente.

         Minha memória de reencarnação passada é nula — continuou — mas nunca me esqueço de uma manifestação mediúnica ocorrida em meu lar. Parece-me que foi há poucos dias, mas já se passaram cerca de 12 anos. Antes de encerrarmos o culto do evangelho com uma prece, a filha médium disse-nos que estava vendo um espírito de alta elevação, cujo nome não vou declinar, para não parecer que é vaidade.

         Esse espírito, a quem nossa filha não se dignava levantar os olhos para vê-lo, disse-nos ter sido rei, há quase sete séculos, em Portugal. Também disse amar muito a todos nós, o que não é privilégio nosso, pois todo espírito elevado ama muito a muitos. Afirmou, ainda, que alguns dos que ali estávamos fizeram parte de sua família real, naquele tempo. Quanto a mim, fui informado de que fora seu soldado. Então, entendi o motivo de ter nascido com graves problemas auditivos, desde a infância.

         — É mesmo?, perguntei-lhe. E que problemas são esses? — E Dinis, o amigo, respondeu-me:

         — Desde criança, sofri muito, com otite, em ambos os ouvidos, que nenhum antibiótico curava. Como você sabe, fui militar no Exército do Brasil, pois seu generoso país permite-nos, aos portugueses, alistar-nos aqui. Somente quando eu tinha 28 anos de idade, os otorrinos militares, após exame de raios x do meu crânio, descobriram a causa: “colesteatomas bilaterais”, que são tumores benignos localizados nos ouvidos médios. No meu caso, o do ouvido esquerdo foi considerado gigante. Operado, nos dois anos seguintes, perdi parte da audição, o que não me impediu de lecionar durante cerca de 25 anos. Com o agravamento da perda auditiva, em 2010, precisei parar de dar aulas.

         — Que pena, disse-lhe. Fui seu aluno, e você é excelente professor. Após agradecer-me, Dinis continuou:

         — Eu já havia sido informado por dois médiuns, anos antes, que minha infecção auditiva era proveniente de lesão no perispírito; primeiro, em virtude dos atos de guerra, depois, noutra encarnação, suicidei-me com tiro no ouvido... Curiosamente, fui soldado também na atual existência durante 20 anos...

         Dinis abriu um largo sorriso português e prosseguiu sua fala:

         — Após ter sido aprovado em concurso público, em 1993, ou seja, dois anos após a guerra fria, dei baixa do Exército quando já estava prevista, para o fim do ano, minha promoção a subtenente. E embora já se tenham passado aproximadamente 30 anos de minha alforria militar, até hoje tenho horror às guerras.

         — Também jamais gostei de guerras, mesmo que sejam em filmes, amigo Dinis. Eu disse, por fim, ao meu amigo. E ele concluiu sua história:

         — Como disse antes, não me lembro de nada do que fiz no passado, mas não devo ter sido bom soldado há sete séculos.

        Então, termino com estes versos sobre a causa de seu sofrimento nesta encarnação, com trinta anos de infecção, em ambos os ouvidos, para nossa reflexão:

 

Quando quem causar a guerra

Souber que responderá

Por cada irmão que matar

A paz reinará na Terra.

 

 

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Sobre o Autor

Jorge Leite de Oliveira é

Consultor Legislativo aposentado da CLDF. Formação acadêmica: Bacharel em Direito (Advogado, OAB/DF 16922); grad. em Letras (UniCEUB); pós-grad. em Língua Portuguesa(CESAPE/DF) e em Literatura Brasileira (UnB); Mestre em Literatura e Doutor em Literatura pela UnB. Professor de Língua Portuguesa, Redação, Orientação de Monografia, Literatura e Pesquisas, no UniCEUB, de 1º set. 1988 a 1º jul. 2010. Palestrante, escritor, revisor e articulista espírita. Autor do Blog: <jojorgeleite.blogspot.com/>.

 

Autor dos livros:

1. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed. 1. reimp. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

2. Guia prático de leitura e escrita. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

3. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra machadiana. Curitiba, PR, 2018.

4. Da época de estudante de Letras: edição esgotada: Mirante: poesias. Brasília: Ed. do autor, 1984.

5. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. 3. ed. rev., ampl. e melhorada. Brasília: abcBSB, 2004 (também esgotada).

 

Contato:

jojorgeleite@gmail.com