FÊMEA

23/09/2019 21:23

(Luana Medeiros)



Gostarias de ser leve feito algodão?

Ser luz na escuridão

Ser anseio mais que seios

Ser abraços calorosos


Ser mais que mulher

O coração não seria uma pluma pesada

A vida não estaria confinada

Tu terias quem chamar


Fêmea desvalida

Um pranto, uma ferida

Sempre um canto

Um choro, um cravo no peito


Uma rosa cheia de espinhos

Que pecado, filha de Eva?

Que pecado? Por infinitas gerações

Nada alcançaste


Confinada,
Chora, fêmea

Pelo que desaguaste tão profundo mal?

Da costa do outro, tu era um pedaço de carne


Sangrou para nascer

Sangra para viver

Sangrará até morrer, fêmea

Rosa, Eva, Mulher

 

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Sobre a Autora

Luana Pantoja Medeiros

é Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. Pesquisadora nas áreas de Sociolinguística, Linguagem, Gênero e Relações de Poder, Poesia e Poética Feminista.

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