(Luana Medeiros)
A fêmea se curva
Feito Rio e grandes lacunas
Espera a nascente, é Ele, o grande Rio
Curvas para o Rio
Curvas, fêmea
Riachuelo doce, lágrimas salgadas
A fêmea sorri, agora é arlequina
Escondendo uma gota de choro
Pintada no rosto
É fim de Carnaval
A fêmea não pode Ser
O que fizeram d'ela
Quantas noites pediste em sonho?
Quantas lágrimas lavaram teus seios?
Ah! fêmea humana
É longa a noite
Mais longa é a dor de ter que esperar
Alguém para que possa completar um ciclo inútil
Tão querido, tão íntimo
Desejado, sonhado, desenhado
A fêmea é só
De que vale uma fêmea
Dois ovários
fertilidade, virilidade?
Transbordam ávidos
Desejos colossais
Hegemônicos
A fêmea é só
Uma gota de orvalho no pasto
Uma flor caída na campina. É primavera
A fêmea é medo
A fêmea é temida
A fêmea é abençoada e maldita
Bruxa, fêmea, fértil
Sagrada, Profana
Maldição que ela não quis
Morre pelo que és
Chora pelo que não pode ser
Chove em teu peito
Chora fêmea humana
Teu calvário
Tua sorte, tens a Vida e a Morte ao alcance das mãos
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Sobre a Autora
Luana Pantoja Medeiros
é Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. Pesquisadora nas áreas de Sociolinguística, Linguagem, Gênero e Relações de Poder, Poesia e Poética Feminista.