AVE, CRISTO!

24/11/2021 14:19

            Ao norte de Israel, na região da Galileia, numa linda primavera, ele subiu a um monte e começou a pregar:

 

— Aventurados os pobres

que vivem sem ambições,

por já terem aprendido

que só se vive feliz

fazendo boas ações.

 

Benditos são os humildes,

por já terem percebido

que toda alma orgulhosa,

caniço pensante da Terra,

ficará só e chorosa.

 

Felizes estão os justos,

porém não os justiceiros;

aqueles terão justiça,

e estes, nem travesseiro

pra pôr a cabeça em paz.

 

Aventurados os puros,

quem no mal não se compraz,

pois os puros herdarão

os reinos celestiais

e os maus perderão a paz.

 

            Quando ele terminou de falar, as mães se ajoelharam com seus filhinhos no colo, louvaram a Deus e agradeceram àquele jovem por tão consoladoras palavras. Os moços e anciãos, filhos e pais, filhas e mães choraram comovidos, e um deles, dentre os mais idosos, perguntou-lhe:

          — Senhor, que devemos fazer para alcançar as bênçãos dos reinos celestiais?

          Ele olhou para o alto e respondeu-lhe com estas duas palavras: — Ama e perdoa.

          Em seguida, saiu de Nazaré a demonstrar como se deve semear essas virtudes, deambulando por toda a Galileia, além de Jerusalém: Cafarnaum, Corazim, Betsaida, Cesareia... Por onde passava, curava leprosos, restituía visão a cegos, fazia andar paralíticos e "ressuscitava" mortos do corpo e da alma.

          Com ele, seguiam doze apóstolos e multidões... Como sói acontecer com os virtuosos, ele sofria ameaças diversas de mercadores do templo, fariseus, sacerdotes e escribas orgulhosos. Não aceitavam que ele produzisse tantos prodígios sem nada cobrar e, despeitados, ameaçavam matá-lo.

          Um dia, ele olhou para o templo de Jerusalém e disse-lhes:

          — Destruam este templo e, em três dias, eu o reconstruirei.

          Todos riram de Jesus de Nazaré, pois não perceberam que ele se referia ao templo do seu corpo.

          Dias depois, inventaram diversas calúnias sobre ele e o crucificaram entre dois ladrões. No terceiro dia, porém, de seu assassinato infame, quando dois guardas vigiavam sua sepultura, ouviram um estrondo e viram a pedra que selava o túmulo toda quebrada. Então, saindo do túmulo, o Cristo lhes apareceu em toda a sua glória, e os guardas caíram como mortos ao solo.

          A partir de então, novos discípulos do Senhor também passaram a pregar seus ensinamentos evangélicos e realizar curas por toda a parte. E, onde chegavam, eram saudados com estas palavras: Ave, Cristo!

 

Ciência Política → Crônicas Sociais → AVE, CRISTO!

Sobre o Autor

Jorge Leite de Oliveira é

Consultor Legislativo aposentado da CLDF. Formação acadêmica: Bacharel em Direito (Advogado, OAB/DF 16922); grad. em Letras (UniCEUB); pós-grad. em Língua Portuguesa(CESAPE/DF) e em Literatura Brasileira (UnB); Mestre em Literatura e Doutor em Literatura pela UnB. Professor de Língua Portuguesa, Redação, Orientação de Monografia, Literatura e Pesquisas, no UniCEUB, de 1º set. 1988 a 1º jul. 2010. Palestrante, escritor, revisor e articulista espírita. Autor do Blog: <jojorgeleite.blogspot.com/>.

 

Autor dos livros:

1. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.

2. Guia prático de leitura e escrita. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

3. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra machadiana. Curitiba, PR, 2018.

4. Da época de estudante de Letras: edição esgotada: Mirante: poesias. Brasília: Ed. do autor, 1984.

5. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. 3. ed. rev., ampl. e melhorada. Brasília: abcBSB, 2004 (também esgotada).

 

Contato:

jojorgeleite@gmail.com