A ARTE E A EVOLUÇÃO
O grande jurista Rui Barbosa ao observar, em sua época, que as leis brasileiras eram interpretadas conforme os interesses políticos escusos, escreveu com indignação: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Alma amiga, parodiando Rui Barbosa, eu diria: De tanto ver triunfar a iniquidade de alguns, de tanto ver crescer a maldade de outros, de tanto ver prosperar a mediocridade nas artes, precisamos restaurar com urgência o culto ao belo e à sublimidade poética. Por esse motivo, escrevi o poema abaixo, que compartilho com você:
Arte e evolução
A arte é o culto ao belo,
a forma
também do conteúdo
faz parte.
Fazer das excrescências
da mente
suposta obra d’arte
é crer
Então que, no improviso,
o esforço
de todo o nosso estudo
é vão.
Confesso que não vejo
no feio
sem estética ser
progresso.
Um tolo sem estudo
é mudo
quando expressa besteira
e besta
Não fala, nunca pensa,
relincha
e fica por preguiça
no chão.
A alma evoluída
excede
qualquer limitação
e é bela!
Porém jamais será
medíocre,
pois crê na evolução
também.
A arte transcendente
é assim:
requer trabalho e luta
em parte
E parte é inspiração
de quem
já se esforça no bem
com arte.
Autor: Irmão Jó.
Ouvi de um professor de literatura, há alguns anos: “A salvação está na literatura”. Também perguntado a outra professora sobre qual área em que se enquadra a literatura espírita, ela respondeu: “Na literatura brasileira”.
Sábias respostas. A literatura espírita, com milhares de poemas psicografados por Chico Xavier e outros médiuns, além de crônicas, romances etc., restaura o conceito do belo, do sublime e do útil no texto literário. Se vamos praticar seus elevados ensinamentos, isso cabe a nós mesmos decidir.
Só não nos podemos esquecer do alerta de Jesus, que Lucas registrou no capítulo 12, versículo 2, de seu evangelho: “Nada há de encoberto que não venha a ser revelado, nem de oculto que não venha a ser conhecido”.
O que considero certo é que a verdadeira arte, como culto ao belo e ao divino, deve estar sempre a serviço da evolução. Sem isso, não cumpre bem seu papel e, consequentemente, não sobrevive.
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Sobre o Autor
Jorge Leite de Oliveira é
Consultor Legislativo aposentado da CLDF. Formação acadêmica: Bacharel em Direito (Advogado, OAB/DF 16922); grad. em Letras (UniCEUB); pós-grad. em Língua Portuguesa(CESAPE/DF) e em Literatura Brasileira (UnB); Mestre em Literatura e Doutor em Literatura pela UnB. Professor de Língua Portuguesa, Redação, Orientação de Monografia, Literatura e Pesquisas, no UniCEUB, de 1º set. 1988 a 1º jul. 2010. Palestrante, escritor, revisor e articulista espírita. Autor do Blog: <jojorgeleite.blogspot.com/>.
Autor dos livros:
1. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed. 1. reimp. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.
2. Guia prático de leitura e escrita. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
3. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra machadiana. Curitiba, PR, 2018.
4. Da época de estudante de Letras: edição esgotada: Mirante: poesias. Brasília: Ed. do autor, 1984.
5. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. 3. ed. rev., ampl. e melhorada. Brasília: abcBSB, 2004 (também esgotada).
Contato:
jojorgeleite@gmail.com