Cinema e Política

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em jul. 2017

 

            Se nós considerarmos que é impossível dissociar a arte da realidade então é perfeitamente natural compreender que o Cinema possa trazer em seu roteiro a discussão sobre temas políticos importantes de diversos países.

            Em entrevista à Revista Aurora, Sérgio Muniz (2009, p. 10) – um dos fundadores da Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba (EICTV) –, ressalta como é indispensável a relação entre Cinema e Política e como o Cinema pode “servir de ‘radar’ indicando mudanças que ocorrem na sociedade ou de sonhar com caminhos que muitas vezes nem sabemos que sonhamos”.

            Vários filmes com temática política, social, ideológica, questões étnicas raciais, de gênero, ambientais, foram e estão sendo lançados nos últimos anos e em vários países. As abordagens são tão múltiplas e variadas que fica até difícil expor em detalhes.

            Em termos ideológicos, Pereira (2003) faz uma análise da produção do cinema durante os regimes fascista (Itália), nazista (Alemanha), salazarista (Portugal) e franquista (Espanha), e destaca a utilização do cinema e dos meios de comunicação de massa em geral como arma de propaganda político-ideológica e controle da opinião pública. Nesse sentido pode-se dizer que a primeira metade do século XX for marcada pela utilização, por parte de diferentes governos, dos meios de comunicação para difusão da ideologia dominante oficial e conquista do apoio das massas. Dentre os meios de comunicação de massa o cinema teve um papel preponderante nesta empreitada. Nesse contexto, Pereira (2003, p. 103-109) destaca, entre outras coisas, como a ascensão de Benito Mussolini ao poder foi marcada por interesse especial pelo cinema, sobretudo a partir das filmagens do primeiro filme político importante do regime fascista, a saber: Sole, de Alessandro Blassetti, e cita a este respeito a obra, L’Italie de Mussolini et son cinéma (GILI, 1985).

Sobre o cinema e a propaganda política no nazismo, Pereira (2003, p. 103-117) ressalta que o interesse pela utilização do cinema vem desde a Primeira Guerra Mundial e de como Hitler tinha um enorme interesse pelo cinema.

Durante os 12 anos de regime nazista, estima-se que foram produzidos mais de 1.350 longas-metragens, que buscaram de várias formas enaltecer o nazismo, estimulando a grande maioria da população alemã a participar da experiência nazista, além de colocar a Alemanha em segundo lugar na produção cinematográfica mundial, atrás apenas dos Estados Unidos da América (PEREIRA, 2003, p. 111).

            Mas se o cinema foi utilizado como forma de propaganda ideológica, também percebe-se a sua utilização como propaganda contra ideológica, como é o caso do filme O Grande Ditador (1940) de Charles Chaplin, onde o mesmo satiriza o nazismo, o fascismo e seus maiores propagadores, Adolf Hitler e Benito Mussolini. Ao final do filme, o personagem de Chaplin faz um belo discurso falando de direitos humanos no contexto da Segunda Guerra Mundial. Chaplin proclama: “Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto, em nome da democracia, usemos desse poder. Unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo [...]” (apud SCHMIDT, 2017, p. 47).

            Sobre a produção do cinema e da propaganda política no salazarismo, Pereira (2003, p. 117-122) enfatiza a utilização do cinema por António de Oliveira Salazar como veículo para impor sua doutrina política. “Afirmava que o cinema seria importante para ‘informar’ primeiro e para ‘formar’ depois” (SALAZAR, 1935 apud PEREIRA, 2003, p. 117). E finalmente a produção do cinema e da propaganda política no franquismo (PEREIRA, 2003, p. 123-128) onde, no contexto da Guerra Civil Espanhola, republicanos e franquistas dispunham de suas produções próprias cinematográficas utilizado como arma de propaganda.

            Pereira (2011) analisa as produções cinematográficas dirigidas pelo cineasta Frank Capra, com ênfase nos filmes que discutem os ideais do American Way of Life (Estilo de Vida Americano) e do American Dream (Sonho Americano). Frank Capra, quando já estava vinculado aos estudos da Columbia, realizou alguns filmes que discutiam temas políticos e sociais do conturbado período da era Roosevelt, de questões relacionadas a Grande Depressão Econômica da década de 1930, do espírito do otimismo da política econômica do New Deal (Novo Acordo) e da Segunda Guerra Mundial.

O filme Loucura Americana (American Madness, 1932), inspirado na política do presidente Franklin Roosevelt, foi a primeira produção cinematográfica a tratar o tema da “Grande Depressão” nos Estados Unidos. Na trama, Thomas Dickson, o presidente de um grande banco, começa a ser criticado pela diretoria quando institui uma política de empréstimo aos menos favorecidos e dá emprego a um ex-presidiário como relator chefe (PEREIRA, 2011, p. 7).

            O filme Dama por um Dia também ressalta o contexto da Grande Depressão econômica e depois se sucederam a este vários outros com temáticas político-social:

O Galante Mr. Deeds (Mr. Deeds Goes to Town, 1936), Horizonte Perdido (Lost Horizon, 1937), Do Mundo Nada se Leva (You Can’t Take It With You, 1938), A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington, 1939), Adorável Vagabundo (Meet John Doe, 1941), a série de documentários Por Que Nós Lutamos?, (Why We Fight?, 1942-1945) e A Felicidade Não Se Compra (It’s a Wonderful Life, 1946) (PEREIRA, 2011, p. 9).

            Ramos (2013), por sua vez, propõe uma análise de filmes que colocam em questão o controle da sociedade pelos governos e, nessa esteira, cita obras bastante conhecidas e outras nem tanto, como: Metrópolis (1927) de Fritz Lang, Laranja Mecânica (1971) de Stanley Kubrick, Controle Absoluto dirigido por Daniel Caruso e produzido por Steven Spielberg, Rede de Mentiras (2008) de Ridley Scott, Intrigas de Estado (2009) de Kevin MacDonald, Ilha do medo (2010) de Martin Scorcese, Tudo pelo Poder (2011) de George Clooney, Leões e Cordeiros (2007) e A conspiração americana (2012) de Robert Redford. Ramos (2013, p. 12) conclui que: “apesar de seu compromisso empresarial com o mercado e o entretenimento, [tais filmes] lançam luzes sobre temas políticos da atualidade e podem fertilizar debates e discussões sobre eles”.

            Silva (2014, p. 28) destaca como o filme “Boca de Lixo (1992) de Eduardo Coutinho, realizado no Centro de Criação da Imagem Popular (CECIP), é uma fonte histórica sugestiva sobre o lugar ocupado pelas classes populares no governo Collor e, sobretudo, do seu movimento de descenso social”. Ressalta ainda o filme 5x favela, agora por nós mesmos, produzido com o apoio de ONGs e OSCIPs como Afroreggae e Observatório das Favelas.

            A produção cinematográfica de Glauber Rocha, um dos criadores do Cinema Novo no Brasil (ROCHA, 2004), tem sido objeto de estudos e análises por diferentes pesquisadores (DELEUZE, 1985; GODDAR, 2017; HONÓRIO, 2016; OLIVEIRA; PAVÃO, 2011; PEREIRA, 2008). Oliveira e Pavão (2011) analisam a relação entre cinema e política a partir da produção de Glauber Rocha, com as temáticas da fome e da miséria retratando a realidade nacional, com ênfase no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Glauber Rocha, junto com um grupo de cineastas cariocas e baianos “propunha uma reflexão mais engajada sobre a realidade nacional [...]  voltado para a realidade brasileira e para uma linguagem adequada à situação social e política da época refletindo sobre as condições de pobreza, desigualdades e subdesenvolvimento do país” (OLIVEIRA; PAVÃO, 2011, p. 194). A produção do Cinema Novo se desenrolou durante as décadas de 1960 e 1970 marcada com essa preocupação, seja de ressaltar o cotidiano do nordeste brasileiro reproduzindo o cenário dos trabalhadores rurais, a miséria, a fome, a violência, seja de evidenciar os equívocos da política desenvolvimentista e da ditadura militar, seja de levar para as telas o exotismo da cultura brasileira através do movimento tropicalista. Goddar (2017, p. 167) ressalta que a obra de Glauber Rocha ganhou destaque em Cinema 2, de Gilles Deleuze (1985), “como caso exemplar do cinema político moderno”.

            No que diz respeito à produção de Deus e o Diabo na Terra do Sol, esta

evoca Canudos, Juazeiro e Padre Cícero, Virgulino Lampião, Corisco, Caldeirão, Sebastião e o sebastianismo, interpretando lugares, personagens e situações importantes da história do Brasil. A evocação dá-se por meio de metáforas. Quando Santo Sebastião aparece na tela, apresenta-se a relação de semelhança e diferença com Antonio Conselheiro, Beato Lourenço do Caldeirão e vários outros líderes messiânicos (PEREIRA, 2008, p. 25).

            Ao analisar a obra de Glauber Rocha, Oliveira e Pavão (2011, p. 200) concluem que é um cineasta que demonstra em suas obras constante inquietação, criticando as produções artísticas meramente comerciais e industriais e propondo o desvelamento da realidade social, marcada pela miséria, pela violência e pela fome. Rocha preferia “representar a realidade, a exploração, a verdade na finalidade de conscientizar o público de sua própria miséria”. Honório (2016, p. 14) ressalta, por sua vez, através do mesmo filme, o papel das Ligas Camponesas como movimento de luta pela reforma agrária no Brasil na década de 1960 e pondera, no que diz respeito à produção cinematográfica de Glauber Rocha, que se trata, “portanto, de um cinema engajado, comprometido com a justiça social”.

            E o que dizer dos filmes de Charlie Chaplin? Os clássicos: Tempos Modernos e O Grande Ditador (citado mais acima).

            O filme Tempos Modernos (CHAPLIN, 1936) nos mostra o tratamento desumano à classe trabalhadora (o proletariado). A exploração do trabalho com uma carga horária de trabalho abusiva para aumentar a produtividade na empresa, inclusive com a diminuição do tempo de almoço para que esse tempo fosse aproveitado e revertido em mais tempo de trabalho na produção da fábrica (um dos momentos mais cômicos do filme). O filme traz não só o problema da depressão com a carga de trabalho excessiva mas também coloca em discussão o problema do desemprego e da fome, com o fechamento das fábricas. Essa relação aparece explícita com a protagonista do filme junto com Chaplin, uma moça filha de pais pobres, que precisa roubar bananas para alimentar seus irmãos que se tornam órfãos após a morte do pai.

            Tempos Modernos satiriza o processo de industrialização que transforma os homens em coisas (no início do filme é mostrado uma cena de um rebanho de ovelhas como se estivessem indo para o matadouro, uma clara analogia com os operários indo trabalhar nas fábricas) e critica de forma inteligente as técnicas utilizadas nas fábricas, mostrando os malefícios do processo de mecanização e consequente desumanização.

            Temos ainda a análise do conteúdo político e jurídico de produções cinematográficas, organizado pelo professor das Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT), Veyzon Muniz (2017), com breves resumos sobre diferentes filmes, como: A Lista de Schindler (1993), Códigos de Guerra (2002), Equilibrium (2002), Jogos Vorazes (2012), O Regresso (2015), Oblivion (2013), Robin Hood (2010), Sociedade dos Poetas Mortos (1989), V de Vingança (2005), filmes brasileiros como Olga (2004) e Zuzu Angel (2006), e até animações como A Revolução dos Bichos (1999).

 

Cinema militante

            A ideia de utilizar o cinema como forma de expressão política deu origem ao conceito de cinema militante que, em sentido amplo, refere-se a prática do cinema para denunciar questões políticas e sociais e caracteriza-se por uma preocupação em se fazer perceber como forma de intervenção social ou política a partir de uma expressão artística.

            O propósito é o uso da câmara como arma ideológica, como crítica social que expressa o debate em torno de uma sociedade mais justa, não raro criticando a própria forma de consumo midiático da indústria cultural.

            Em sentido restrito, o cinema militante tem origem com o manifesto de maio de 1968 que proclamou uma ruptura ideológica com o chamado “cinema burguês” e defendeu o uso do cinema como “arma política”, tendo como personagem central o operário ou o camponês, e centraliza as discussões em torno de movimentos grevistas, ocupações de fábricas ou de terras, sob uma ótica revolucionária.

            Vale ressaltar a este respeito o surgimento do Cinema Novo no Brasil, tendo como seus grandes representantes: Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman, David Neves, Ruy Guerra e Luiz Carlos Barreto.

Dentre [as] principais características do cinema proposto por Glauber, o caráter da militância é muito evidente. A possibilidade de associar uma postura crítico-teórica à concretização de um projeto cinematográfico clarifica essa idéia da tomada do cinema como instrumento de conscientização (OLIVEIRA; PAVÃO, 2011, p. 196).

            “Transpor a realidade para as telas”, é como Honório (2016, p. 12) apresenta o Movimento do Cinema Novo, que possibilitou a expressão através da arte de um discurso de denúncias sobre as mazelas sociais como a fome, a miséria, as desigualdades sociais. Oliveira e Pavão (2011), Honório (2016) e Xavier (2007) ressaltam ainda como Glauber Rocha foi o autor do manifesto da Estética da Fome: uma crítica sobre as produções artísticas na América Latina na qual estas não podem ocultar as mazelas sociais, a miséria, a fome, o subdesenvolvimento.

Glauber lança crítica ao cinema industrial que não tem preocupação com os grandes problemas de seu tempo. Propõe, ao contrário, um cinema de combate, de protesto e denúncia, apresentando aspectos do drama nordestino mais próximo do que denomina – sua verdade – fazendo desse modo, em sua obra, uma severa crítica social e política corroborando para uma nova estética cinematográfica dialética, paradoxal e com diferentes elementos (OLIVEIRA; PAVÃO, 2011, p. 200).

            Glauber Rocha encarna o modelo do intelectual engajado sartreano, do intelectual que faz da arte uma forma de engajamento no mundo, que abraça um ideal revolucionário e que pensa “que é da própria substância do artista o seu compromisso político com um horizonte de libertação, sendo o cinema de autor a antítese do cinema comercial” (HONÓRIO, 2016, p. 16).

            Dentro deste contexto pode-se analisar também as reflexões de Silva (2014, p. 28) sobre a aproximação dos movimentos sociais com as produções audiovisuais, discutindo posturas ideológicas e suas relações com o mercado e o Estado, desde a década de 1980, quando a produção audiovisual tornou-se “importante linguagem de expressão durante o crescimento do movimento sindical no ABC paulista, com a produção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, sob a coordenação de Renato Tapajós” e o crescimento da produção audiovisual nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Ressalta ainda as instituições e grupos que se diferenciam por um referencial político de esquerda e que procuram trabalhar estas ideias através da produção audiovisual, como o Festival Latino Americano da Classe Obrera (FELCO), o Coletivo de Vídeo Popular de São Paulo, o Centro de Mídia Independente, a Brigada Audiovisual da Via Campesina.

 

Referências

DELEUZE, G. Cinema tome 2. L’Image-temps. Paris: Les éditions de Minuit, 1985.

GILI, J. L’Italie de Mussolini et son cinéma. Paris: Henri Veyrier, 1985.

GODDARD, Jean-Christophe. Deleuze e o cinema político de Glauber Rocha. Violência revolucionária e violência nômade. Concinnitas, vol. 2, n. 29, p. 167-177, jun. 2017. Acesso em 25/06/2017.

HONÓRIO, Isabelle Beguetto. Insurgência camponesa e direito: uma aproximação a partir de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2016.

MUNIZ, Sérgio. Cinema e Política: entrevista à Revista Aurora. Revista Aurora, PUC-SP, 5: 2009. Acesso em 23/06/2017.

MUNIZ, Veyzon Campos (org.). Direito, política e cinema (com spoilers). [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Editora Fi, 2017.

OLIVEIRA, William Vaz de; PAVÃO, Eduardo Nunes A. Arte e política no cinema de Glauber Rocha: uma análise do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Revista Tempos Históricos, vol. 15, n. 1, p. 191-202, 2011. Acesso em 25/06/2017.

PEREIRA, Wagner Pinheiro. Cinema e propaganda política no fascismo, nazismo, salazarismo e franquismo. História: Questões e Debates, vol. 38, n. 1, p. 101-131, 2003. Acesso em 24/06/2017.

____. Cinema e Política na era Roosevelt: o “American Dream” nos filmes de Frank Capra (1933-1945). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011. Acesso em 25/06/2017.

PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. O sertão dilacerado: outras histórias de Deus e o Diabo na terra do Sol. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 74, p. 11-34, 2008. Acesso em 25/06/2017.

RAMOS, Luciano. Cinema e política – holofotes voltados para o poder. Temática, v. 9, n. 1, p. 1-12, 2013. Acesso em 23/06/2017.

ROCHA, Glauber. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

SALAZAR, A. de O. Fins e necessidade de propaganda nacional. In: SALAZAR, A. Discursos. 1928-1934. Coimbra: Coimbra Editora, 1935. t. 1

SCHMIDT, Henrique. O Grande Ditador. In: MUNIZ, Veyzon Campos (org.). Direito, política e cinema (com spoilers). [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Editora Fi, 2017.

SILVA, Thiago de Faria e. História, Cinema e Política: os Movimentos Sociais em Audiovisual (1990-2010). Revista Livre de Cinema, v. 1, n. 2, p. 28-39, mai./ago., 2014. Acesso em 24/06/2017.

XAVIER, Ismail. Sertão mar: Glauber Rocha e a estética da fome. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

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1. Arte e Política

2. Arte e Guerra